BOAS VINDAS

"A física é para a vida" (Leonard Mlodnow)

domingo, 3 de agosto de 2014

Processo seletivo para empregos



Um amigo formado em relações internacionais terminou recentemente um processo seletivo. Este processo foi dividido em três etapas: A primeira foi uma prova de conhecimentos gerais (matemática básica, português básico, informática e os assuntos intrínsecos à sua graduação); A segunda, uma dinâmica de grupo; a terceira, entrevista com os chefes e psicólogos gestores do processo seletivo. Apenas na terceira etapa foi mencionada alguma menção ao salário que seria pago, ao tipo de trabalho específico e à questão de que era uma simples cobertura para uma empregada efetiva da corporação que agora estava grávida.

Meu amigo lamentou e declinou gentilmente para os empregadores. Contou-me depois, em off, um segredo que partiu dos gestores no dia da entrevista: Ele já era o escolhido. O outro candidato que esperava do lado de fora foi classificado apenas para dar número e legitimidade para a fase final, coisa que é necessária segundo algumas leis (que o autor desse blog desconhece).

As hipóteses que eu levantei sobre o curioso caso:

1) Os gestores são displicentes?

Desprezar a condição humana, sobretudo o fato de que somos imperfeitos, em um processo seletivo chega a ser perverso na opinião de quem escreve. Na análise de candidatos, ao longo de um processo, me espanta como uma única palavra ou esquiva desviante desabona aquele que pleiteia uma vaga (e que poderia se mostrar mais leal aos propósitos da empresa por ser menos qualificado). Não sou o Max Gehringer mas uso matemática básica para tudo: Se existe uma vaga e eu chamo um número próximo de 01 (um) de candidatos finalistas, o risco de matar o processo no final aumenta.


2) Existe algum propósito escuso?

O fato de selecionar efetivamente um único candidato para que os outros restantes em uma suposta fase final fossem apenas número não era verdade. O calcanhar de aquiles existente na afirmação do gestor que já aludiu sua escolha na direção do meu amigo está relacionada com uma questão:  existe uma "pressão" feita sobre alguns candidatos que, de fato, teriam perfil para assumir uma função, aceitando passivamente essa pressão (ou ideologia) imposta pelos gestores.

Agindo assim, o empregador partiu da hipótese que a alegria de ser a finalista de um processo para essa pessoa a faria feliz e isso coagiria "o finalista" a aceitar a vaga. Após a pseudo-vitória, o patrão disse para esse camarada que conheço que o salário bruto ficaria em 2000 reais (e portanto, o líquido seria bem menor que isso).

Soma-se ao fato que o trabalho fica em outra metrópole diferente da que o finalista reside. Isso implica em mudança, pagamento de aluguel e despesas de lar, compras de supermercado, além das idas e vindas para rever os familiares. Em outras palavras: MEU AMIGO IA PAGAR PARA TRABALHAR (ou aquele outro que estava do lado de fora da sala pagaria). Talvez seja. Quem sabe?

Escrevo esse texto porque quero alertar aos meus alunos, principalmente os do ensino público, que largam uma matrícula na escola para aceitar um posto de trabalho. Se o estudante segurar as pontas por mais algum tempo, ele perceberá um provento advindo dos estudos, ou de um processo seletivo menos injusto, que seja um tanto maior. Como visto, as coisas não estão fáceis nem mesmo para os que tem diploma de ensino superior.

É isso.