BOAS VINDAS

"A física é para a vida" (Leonard Mlodnow)

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Direito, Medicina e Engenharia

Vou começar a falar de profissões. Mas alto lá: todos nós sabemos que cada carreira, desde os anos da graduação, é dotada de dores e delícias (já dizia Caetano). As três carreiras supra mencionadas no título são expoentes da elite brasileira. Direito encaminha os pequenos burgueses à magistratura, coisa que confere privilégios. Os direitos e deveres das ordens e segmentos da sociedade que é bom mesmo, em nada se altera com a promoção da alta sociedade que comanda o poder jurídico, como se já não estivesse altamente promovida.





Medicina forma os mercenários que não vão precisar procurar muito por uma cidade do interior que os pague bem para que eles assistam a pessoas mostrando a língua, tomando um remédio e voltando pra casa (quando esses médicos trabalham). Engenheiros tem o mercado das licitações e contratos com a administração pública à sua frente. Aqueles que não conseguirem as fatias mais gordas (aqui preconceituosamente descritas) do bolo tem que trabalhar e aí começam os quadros que a nossa sociedade enfrenta.



A existência dessas três profissões, postas na sociedade como estão, suscitam as questões que nunca se resolvem e sempre se repetem em jornais: ruas com engarrafamentos sem solução, bairros e cidades alagadas, procura por médicos com convênio de saúde que demandam agendamento de até três meses, além da necessidade de execução de cirurgias que são bloqueadas pelos convênios com os pretextos mais burocráticos e inconcebíveis - coisa que por vezes dizima a vida que espera por tal necessidade.

Por fim, assiste-se com os profissionais do direito, atualmente, o palco da desgraça humana. A declaração do horror que todos sempre procuram não acreditar, fingir que não se escuta, relevar para que aqueles dotados de conhecimento e articulação com o ordenamento jurídico possam trabalhar. As pessoas menos abastadas não têm direitos. As pessoas menos abastadas não têm direitos. As pessoas menos abastadas não têm direitos. As pessoas menos abastadas não têm direitos.



Em consulta ao facebook, twitter, jornais, blogs e reportagens de tv, percebo que consumidores insatisfeitos estão sendo processados pelas empresas por que reclamaram da má qualidade dos serviços prestados. Com o mesmo asco podemos ver outra situação similar: clientes movendo a máquina jurídica pelos crimes praticados por empresas privadas saem lesados porque "perseguem as empresas". O resultado de operações ilegais nas comarcas de suposta defesa do cidadão é o proferir de sentenças que já chegaram a 9 mil reais de multa para um cidadão que confiou na gestão privada de algum produto ou serviço.




Portanto, alunos e futuros profissionais, desejo a todos que querem seguir uma dessas carreiras, uma pitada provocativa do que se encontra na vida moderna. Tudo o que está posto é fato, não depende de partidarismo político e se encontra assim há décadas. Espero que vocês tenham a felicidade de encontrar, com as suas profissões, fatias fartas do bolo mas avisados estejam. Aqueles que levam mais do que podem comer deixam o irmão com fome.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Castigos

Como está, atualmente, a falta de educação por aí afora? 

Agressão de alunos a professores; agressão de passageiros a motoristas e trocadores; falta de subordinação de empregados a seus respectivos superiores, etc. A causa está muito bem pontuada e é a falta de energia e punição dos maus hábitos com os devidos castigos na formação de um filho dentro de casa.

Mas o que são os devidos castigos? Muita coisa pode o ser. Ao entrar nas residências e ministrar minhas aulas particulares percebo nos filhos e nos pais uma ligação entre o comportamento de um e o do outro. Pai omisso, filho sem limites. Mais de cinquenta casas já me acolheram com o devido carinho e a confiança nos meus serviços. Por isso já sei desde o primeiro dia, e com alguma precisão, por quanto tempo vou estar na situação de professor particular daquele aluno. Qual o motivo do encerramento em geral? Haverá discussão de pais com o filho - (comigo nunca!) - Daí eu me retiro para deixar claro que não mereço a exposição a situações familiares. É a única forma de "castigar" pais e filhos, mesmo que receptivos comigo e que contassem com minhas aulas.

Conheço mil e um casos de alunos, colegas de trabalho, mestres, avôs e avós que contam histórias sobre os castigos que receberam. Dizem eles:

"Eu apanhei pouco, merecia apanhar mais...talvez uns puxões de orelha"; 

"Os castigos que eu recebi nortearam um pouco minha educação"; 

"Uma vez meu pai me deu o que eu queria mas, antes, deixou claro o que ele achava de mim e de algumas travessuras que fiz. Ele conseguiu me deixar péssimo comigo mesmo".

Esses discursos antigos não são reproduzidos hoje e, além disso, vemos a violência familiar aumentar. Preciso deixar claro que não quero justificar forma nenhuma de violência. Tanto não aprovo que quero relacionar o quanto violência aos menores é desnecessária. Pontuo aqui: cresceu a omissão, a falta de educação, os modelos de comportamento familiares e a violência. Não adiantou de nada usar de mais violência. Castigos, no entanto, são necessários. É lógico que acho muito triste ver frágeis crianças com hematomas ou coisas piores.

Quero deixar o assunto provocado sem concluir. Existe uma separação entre castigo e agressão. Não recuo diante dos moralismos excessivos das novas gerações. Precisamos de enfrentar algumas questões. Por exemplo: Até onde termina a mão disciplinar de um pai que ensina e inicia a violência gratuita?

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Denúncia de fios e cavalos

Há muito tempo espero fazer o primeiro post "Denúncia". Digo isso porque para falar de educação fora da sala de aula também penso que devemos falar em "se posicionar e não se omitir".

Hoje à noite passando pela Wellington de Freitas, rua do meu bairro em Vitória, me deparei com um fio de alta tensão abaixado, enquanto caminhava rápido para escapar da chuva. Quase toquei o mesmo com o pescoço afinal o fio estava a uma altura muito pequena e eu estava com pressa, a rua estava pouco iluminada, com chuva (e por isso só queremos abrigo e não reparamos em todas as coisas) e, pra completar, eu sou bastante distraído. (Para não usar predicado pior.)





Contatei o ciodes, um serviço que sempre orienta o cidadão com algum tipo de problema. Os atendentes dispensam muita atenção, dentro de suas incumbências. Pois, dentro do que podiam, me recomendaram ligar para a escelsa. Reclamei que, dentre os serviços recomendados pelo ciodes, alguns são pagos (Como assim? Precisamos de alertar a administração pública sobre os deveres dela e ainda precisamos gastar o caro crédito do nosso celular?) - A senhorita respondeu que esse, por sorte, é gratuito.

Com o número 0800 721 0707 (o disque escelsa, ou algo assim) solicitei orientações sobre o que era necessário fazer para que o reparo ocorresse. Ela me disse que eu precisava de um número correspondente ao que se encontra na minha conta de luz para que um procedimento fosse gerado. Como não tinha tal número, desliguei.

Alguém pode dizer que isso não tem nada a ver com educação. Pois eu tenho certeza absoluta que sim. Ao perceber algo que podia prejudicar alguém, procurei dar cabo daquele problema ao invés de deixar que aquele fio fosse o responsável por algum dano. Não vou me omitir já que eu não fui prejudicado com aquilo e já que aquilo não me atinge (ou por sorte, não me atingiu). Triste é saber o quanto somos vítimas do excesso de burocratização por aceitação passiva, da depredação do bem público e da omissão.

Isso de não deixar que o mal feito fique à sorte do próximo que passar por ali tem tudo a ver com educação. É por esse mesmo princípio que precisamos cuidar de não entupir os bueiros para não reclamar nas épocas de chuvas, e nem pela depredação de telefones públicos, lixeiras, tampas de canais e outros bens simples porém imprescindíveis.

Outra ocorrência parecida com a anterior: Há seis meses aproximadamente, voltava de uma festa em Carapina, de noite. Vi na descida da norte-sul, próximo ao Shopping Mestre Álvaro, um cavalo abandonado na marginal da rua. Não faço a mínima ideia de quem possa ter cavalos e ali deixá-los. Já ouvi falar em mortes de trânsito por choques com animais grandes como este e então sei do perigo que é um animal como tal à deriva.

Liguei para o ciodes, como já tenho o hábito de fazer. Solicitaram que eu ligasse para um serviço especializado que toma conta do assunto. Perguntei se não haveria alguma ação imediata para que a coisa não cause nenhuma vítima. "Cavalos, sem motivos aparentes, ficam loucos, entram em disparada e, se por isso, ocorrer uma colisão, aí sim a polícia entrará em cena?" - Perguntei. A conversa foi muito bem recebida pelo atendente que, como todos, são muito educados, porém o atendimento terminou com resultados estéreis, ao que parece.

Lembro-me de que era dia um útil porque passei no fim de semana correspondente por ali de novo e vi um pedaço de carne grande e abandonada em uma das pistas. Não quero ser "torcedor do azar" e também não tenho provas de que algo ruim aconteceu mas não me assustaria se minha previsão tivesse se concretizado e cavalo e carro tivessem produzido uma tragédia.



Em tempo: até a produção desse texto não consegui retomar a conversa com a escelsa. De qualquer forma, fico chateado porque é necesário um número a ser pedido por um passante que tem o direito de transitar sem correr riscos, sendo que ele também é contribuinte tal qual o morador daquele bairro onde se localiza o problema.

E outra: sou morador dessa região, mas se eu não o fosse, daria um número de outro bairro (constante da minha conta de luz) e que não confere com a região que me atende. Estaria eu, assim, desobrigado burocraticamente a querer levantar a queixa?